Evolução da paisagem no Couto Mineiro de Beça por Raquel López

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Estive a fazer um estágio de 3 meses para a empresa Sinergeo. Durante este período, aínda que curto, a experiência foi muito positiva e enriquecedora. Os conhecimentos adquiridos ao longo do estágio são muito interessantes e valiosos para o meu futuro profissional.

Entre os trabalhos realizados para Sinergeo está o estudo da paisagem no couto mineiro de Beça, baseado na comparação de fotografias aéreas antigas e o conhecimento in situ do estado atual.

De acordo com os resultados, em 1958 as áreas seminaturais constituíam a maior parte do território e a vegetação arbustiva era a classe de ocupação mais representativa. Porém, o estrato arbóreo era a vegetação que ocupava uma menor área. As espécies florestais que cresciam eram maioritariamente folhosas como o castanheiro, o carvalho, a nogueira, o choupo, o eucalipto etc.

Beça 1958
Beça 1958

Apesar da escassa presença humana, existiam algumas culturas agrícolas com grandes áreas de pasto, localizadas principalmente à esquerda da exploração mineira.

Em redor das cortas a classe mais representativa era o estrato arbustivo.

Ao longo dos anos, ou seja, após 53 anos o quadro é bastante diferente e a intervenção humana tem muito a ver com a transformação da paisagem.

Em 2011 as espécies florestais de coníferas são as que verificaram um maior crescimento em área. Desta vez, o estrato arbóreo (o pinheiro, o carvalho vermelho, o carvalho negral, o castanheiro, o amieiro, o choupo, o vidoeiro, o eucalipto, etc.) é a classe mais representativa, muito diferente do que se verificava em 1958, onde a classe arbustiva era a vegetação dominante e a arbórea a de menor ocupação. Nos arredores da exploração, onde antes crescia vegetação de tipo arbustiva em  competição com o mato, ahora crescem povoações recentes de pinheiros e em menor superficie povoações de eucaliptos.

As povoações humanas são maiores e é observado um pequeno aumento na presença de culturas agrícolas, de localização semelhante como em 1958. Em 2011não foram observadas alterações significativas na distribuição dos pastos. Estes estão distribuídos mais ou menos pela mesma área e ocupando superfícies semelhantes em ambos anos.

Ao comparar ambos anos com o 2006 a paisagem  volta a trocar. Em 2006 era praticamente dominada por uma mancha densa composta principalmente de plantações de pinheiro de duas classes de idade diferentes, porém mais velhas do que as plantações de pinheiros que estavam a crescer em 2011. Por outro lado, a paisagem de 2006 também está longe do que ela era em 1958 (lembre-se que o mesmo espaço estava ocupado principalmente por arbustos).

Atualmente, e apesar de ter passado apenas quatro anos, a paisagem nas imediações da mina amostra-se de novo diferente com respeito a como ela se apresentava em 2011. Durante este período houve uma série de incêndios que causaram o desaparecimento de uma grande parte da floresta, interrompendo novamente o crescimento natural da vegetação e, consequentemente, alterando a paisagem.

Urzes
Urzes
Giesta branca e carvalho negral
Giesta branca e carvalho negral
Envolvente do Couto Mineiro de Beça
Envolvente do Couto Mineiro de Beça
Envolvente do Couto Mineiro de Beça
Envolvente do Couto Mineiro de Beça
Envolvente do Couto Mineiro de Beça Eucaliptal
Envolvente do Couto Mineiro de Beça Eucaliptal

Resulta, portanto, que esta região tem sido sujeita fortemente a fatores (quer sejam de origem humana ou natural) que repetidamente alteraram a evolução natural da vegetação, transformando a paisagem significativamente, em períodos curtos.

Só tenho de agradecer o tratamento recebido por toda a equipa, em especial o meu tutor Bruno Pereira, os outros sócios-gerentes; Jorge Oliveira e João Azevedo, bem como a Celso Miguel Silva e os demais colegas; José Lopes e Pedro Paredes. Muito obrigada pela vossa atenção e paciência amossada. Foi muito fácil e agradável trabalhar com vocês.

Raquel López

Engenheira florestal

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