Gruas, geotecnia e georadar

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Depois de dois incidentes com gruas ocorridos no início de 2019 na cidade do Porto, o município decidiu avançar com medidas mais exigentes para autorizar a instalação de gruas. Estas exigências foram entretanto alargadas a outros municípios.

Assim, são já diversos os municípios que têm exigido um estudo geológico ou geotécnico para aprovar o licenciamento de gruas.

Este estudo pode ser executado através de ensaio DPSH – Ensaio de Penetração Dinâmica Super Pesada – que consiste na cravação de uma ponteira cónica ligada a um conjunto de varas fixadas topo a topo. As varas têm comprimento de um metro, sendo fixadas rigidamente. A penetração da ponteira faz-se por meio de uma força de choque acionada mecanicamente.

DPSH

Os ensaios de penetração dinâmica super pesada (DPSH) são efetuados por equipamento mecanizado de mobilização autónoma e sistema automático de queda do peso. Para cada ensaio é feito um diagrama de penetração, onde se representa, em abcissas, o número de pancadas e em ordenadas, a profundidade. A partir do número de pancadas e da resistência dinâmica de ponta é possível obter a capacidade de carga do terreno a vários níveis de profundidade. O valor da capacidade de carga é calculado considerando todos os níveis do subsolo, permitindo, desta forma, uma melhor aproximação das condições geológicas e geotécnicas do meio.

Uma vez que estes trabalhos se têm desenvolvido principalmente nos centros históricos, surgem aqui duas questões que interessa colocar:

1) Como detetar as infraestruturas que existem no local onde será instalada a grua?
2) Porque devemos detetar essas infraestruturas?
georadar

Começo por responder à segunda questão. Devemos detetar estas infraestruturas porque também elas podem comprometer a estabilidade da grua (redes de gás, água, saneamento, pluviais e mesmo minas de água, muito abundantes no centro histórico do Porto) mas também, porque na ausência de um cadastro municipal de infraestruturas, a execução da sondagem geotécnica poderá danificar as mesmas.

Como podemos então detetar as infraestruturas? Com um Georadar ou GPR (Ground Penetrating Radar). Este é um equipamento de prospeção geofísica que, mediante um sistema de emissão-receção de ondas electromagnéticas, permite diferenciar os diferentes materiais encontrados no subsolo.

 

Saudações geotécnicas!

Jorge Oliveira

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